Prisão de Lula traria instabilidade ao país, diz Temer
Lula e Temer em foto de 2015; "É um ex-presidente, foi presidente duas vezes, pode criar problemas não tenho dúvida disso", disse Temer |
O presidente da República, Michel Temer, disse, em entrevista ao
programa "Roda Viva", da TV Cultura, que uma condenação ou prisão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva traria instabilidade ao país.
Gravada na última sexta-feira, o programa foi ao ar na noite desta
segunda-feira (14).
"Se você me perguntar 'se Lula for preso
isso causa um problema para o governo?' Eu acho que causa. Não para o
governo, mas para o país. Porque haverá evidentemente movimentos
sociais. Toda vez que você tem um movimento social de contestação,
especialmente de uma decisão do Judiciário, isso pode criar uma
instabilidade", disse Temer ao ser questionado sobre o tema pelo
jornalista Ricardo Noblat.
O presidente afirmou esperar que "no
plano presidencial", se existirem acusações contra Lula, que essas sejam
"processadas com naturalidade", mas reconheceu que as reações
possivelmente desestabilizariam o país.
"Eu até registro que muitas vezes, por mais que você faça, por mais que eu esteja descrevendo aqui a mudança que o governo está fazendo para preservar a integridade do país, da economia, das relações sociais, surge uma noticiazinha qualquer, isso cria uma instabilidade no governo. Imagina a mera hipótese de prisão do Lula. É um ex-presidente, foi presidente duas vezes, pode criar problemas não tenho dúvida disso", afirmou.
A
entrevista foi gravada na última sexta-feira, no Palácio do Alvorada, e
teve como entrevistadores diretores e colunistas dos maiores jornais do
país.
Na conversa, Temer mais uma vez negou que a Operação Lava Jato possa
paralisar o país, assim como as prometidas delações premiadas de
executivos da empreiteira Odebrecht.
"A primeira coisa que eu
sugiro é, vamos deixar a lava jato em paz", disse, afirmando que as
delações precisam ser seguidas de investigações, inquéritos, denúncias,
além de um longo processo judicial.
"Eu acho que devemos deixar o judiciário exercer seu papel juntamente com o Ministério Público, mas não nos preocuparmos no governo com o que nós devemos ou não fazer", disse Temer, alegando que se no final do processo acontecerem "variadas condenações", aí sim o governo teria de agir.
Temer voltou a se
defender da acusação de ter recebido diretamente da empreiteira Andrade
Gutierrez um cheque de R$ 1 milhão para sua campanha à vice-presidência,
em 2014, de recursos vindos de propina da Petrobras. O presidente alega
que o cheque em nome da sua campanha veio do diretório nacional do
PMDB.
Na entrevista, Temer evitou responder se concordava ou não
com projetos que hoje tramitam no Congresso e são vistos como tentativa
de limitar o poder do Ministério Público ou evitar a condenação de
políticos pegos pela Lava Jato. Entre elas, a proposta de abuso de
autoridade, apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, ou a
tentativa de criminalizar o caixa dois a partir de agora, o que daria
uma anistia aos crimes cometidos anteriormente.
O presidente disse simplesmente que a decisão de aprovar ou não essas medidas é uma decisão do Congresso. "Eu não posso interferir", afirmou. Temer, no entanto, defendeu a iniciativa de Renan Calheiros de fazer um pente-fino nos salários do Judiciário, muitos acima do teto. Afirmou que é o "cumprimento de um preceito constitucional".
"Isto não é um confronto. Agora, numa análise muito fria, você relacionou muitos casos que podem ser analisados como -olha, nós também vamos agir- pode ser que haja isso. Mas isso não vai impedir o prosseguimento das ações penais, não é por isso que a chamada Lava Jato vai ficar paralisada, pelo contrário, pode ser um elemento incentivador da Lava Jato," disse.
Reformas
Na entrevista, Temer voltou a defender as reformas que pretende ver
passar pelo Congresso, especialmente a previdenciária e a trabalhista.
Garantiu que a reforma da Previdência é para "perdurar para sempre" e
para que em 20 anos não seja necessário perguntar novamente sobre a
sobrevivência do sistema.
No entanto, ministros do seu governo - especialmente o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha-- afirmam que a
proposta atual deve valer por cerca de 10 anos, quando será necessário
mexer novamente em temas como idade mínima.
Temer ainda acrescentou uma nova reforma às suas propostas, a tributária, que o governo até agora tem evitado falar. "É preciso uma reformulação tributária, quem sabe uma simplificação tributária", disse o presidente, acrescentando que "gostaria muito" de tratar desse tema depois de aprovadas as mudanças previdenciária, trabalhista e política.
Parlamentarismo
O presidente ainda afirmou que gostaria de ver incluída na reforma
política uma proposta de mudança do regime brasileiro de
presidencialista para parlamentarista. Mas, esclareceu, com um modelo
completo aprovado pelo Congresso e que passasse por um referendo.
"Eu estou convencido hoje que o parlamentarismo é uma coisa útil para o país", defendeu. "Sou muito mais favorável a um referendo, não um plebiscito. O Congresso poderia produzir um projeto e submeter, se for o caso, a uma consulta popular".
Prisão de Lula traria instabilidade ao país, diz Temer
Reviewed by Ibirataia Notícias
on
terça-feira, novembro 15, 2016
Rating:
Escreva o seu comentário