Ministro diz que proposta de intervenção no preço de alimentos foi 'equívoco de comunicação'

Foto: Lula Marques / Agência Brasil

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse nesta quinta-feira (23) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descarta qualquer tipo de intervenção nos preços dos alimentos.

O chefe da pasta chamou de "equívoco de comunicação" a hipótese de que o governo buscaria medidas interventivas. Ele não citou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, autor da fala sobre intervenção que provocou polêmica e que depois se corrigiu.

A Casa Civil faz na manhã desta quinta reunião para discutir medidas para baratear o preço dos alimentos. Participam Rui Costa e os também ministros Fernando Haddad (Fazenda), Teixeira e Carlos Fávaro (Agricultura).

"Isso aí [fala sobre intervenção] já foi corrigido. Foi um equívoco de comunicação. Isso está fora [das medidas]. O presidente já falou, já afastou qualquer possibilidade de intervenção nisso. Casa Civil já esclareceu", disse o ministro, ao chegar ao Planalto para a reunião. Teixeira acrescentou que as medidas não seriam definidas já.

A questão dos alimentos se tornou prioridade para o presidente Lula, que cobrou duramente a sua equipe durante reunião ministerial na segunda-feira (20).

O tema ainda se tornou alvo de polêmica e desgaste ao governo dias depois, começando pela fala do ministro Rui Costa. Em entrevista ao Bom Dia Ministro, o ministro disse que o governo vai buscar um "conjunto de intervenções" para baratear o preço dos alimentos.

Na ocasião, ele afirmou ter rececido sugestões de associação de supermercados e que deve acatá-las, mas sem detalhar as medidas.

"No final do ano passado, [Lula] fez reunião com redes de supermercado e eles sugeriram algumas medidas. Vamos implementá-las agora no primeiro bimestre. A partir dessas reuniões, ouvindo produtores, buscar medidas que consigam reduzir preço dos alimentos", disse.

Mais tarde, o próprio Rui Costa concedeu uma entrevista à CNN Brasil para esclarecer sua fala e descartar a hipótese de intervenção —palavra que costuma ser associada a medidas como tabelamento e controle de preços.

O ministro então sugeriu a todos trocar a palavra "intervenção" por "medidas" para evitar ruídos de comunicação. Ele acrescentou que as medidas do governo serão na linha de "baratear custos que envolvam a produção de alimentos".

Outro ponto de desgaste foi a hipótese de que o governo avaliaria mexer na regra do prazo de validade dos alimentos. A medida, cuja hipótese era confirmada nos bastidores por integrantes da Esplanada dos Ministérios, foi proposta ao governo pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e alguns ministérios confirmavam nos bastidores que ela estava em análise.

A possibilidade começou a ser alvo de críticas nas redes sociais e explorada pela oposição. No X (ex-Twitter), perfis que costumam publicar conteúdo crítico ao governo começaram a dizer que a intenção era "fazer a população consumir alimentos vencidos" ou "fazer pobre comer comida velha".

Rui Costa também negou essa hipótese, durante a entrevista.

"Foram várias sugestões [do setor varejista] que estarão incluídas nessas análises que iremos fazer agora. Uma dessas sugestões é essa, e eles relataram lá a existência de prateleiras diferentes ou até de supermercados diferentes que vendem produtos com a validade vencida. Essa não é a cultura do Brasil, não é a prática do Brasil, então não vejo nenhuma possibilidade dessa sugestão específica ser adotada", afirmou.
Ministro diz que proposta de intervenção no preço de alimentos foi 'equívoco de comunicação' Ministro diz que proposta de intervenção no preço de alimentos foi 'equívoco de comunicação' Reviewed by Giro Ibirataia on quinta-feira, janeiro 23, 2025 Rating: 5

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